quinta-feira, 7 de agosto de 2008

filme real - história oficial

Todos nós temos momentos negros nas nossas vidas. Este, não sei se é negro ou se é branco claro. Quem me conhece, já o conhece. Mesmo não sendo nada abonatório.. aqui fica. Lembro-me como se tivesse sido ontem.

Verão de 97. Tudo tinha corrido bem nessa noite. Noite de verão, quente, ambiente fantástico na Locomia, voltava para o apartamento já a pensar na praia do dia seguinte. Ia com dois amigos no carro, também colegas de curso. Rotunda do IRS, seis da manhã, operação stop. O polícia, concerteza seguro de si, estava a fazer-me sinal para parar com o bastão luminoso. É engraçado pensar no que nos passa pela cabeça quando vemos uma operação stop e sabemos que não vai correr bem. A mim, passou-me que aquele dia não podia ser estragado e a reação lógica foi.. não parar. Assim fiz. Pé no acelerador, e segui rapidamente para longe dali. No carro ouço “mas.. tu estás doido?!”. “Olha.. vamos mas é parar, e sair do carro” (como que: isto não aconteceu, eu nem sei de quem é este carro).

Na verdade, comecei a raciocionar que: já era dia, poucos carros, impossível não terem apontado a matrícula, e na verdade.. eu tinha fugido à polícia! Bonito... muito bonito mesmo! Isto é sério, tenho que remediar a situação.. "Olha.. vou voltar lá e dizer que não reparei". Algo do tipo “Olhe.. eu não vi, os meus amigos é que me chamaram a atenção, e estou aqui agora”. E lá voltei para a rotunda do IRS. “Bolas!.. Já cá não estão!”. Com o tempo que passou a operação tinha acabado e foram-se todos embora. “Agora é que está tudo lixado, acho que não vou conseguir dormir esta noite”. Lá fui para o apartamento, a pensar na vida.

No caminho, ao parar num semáforo, olho para o lado e vejo um carro da BT. “Lindo, que sorte!”. Que contraste.. tinha acabado de ficar deprimido por não me cruzar com a operação stop e aliviado por encontrar um carro da bt. Dou um toque, abro o vidro, e utilizo o mesmo discurso que já tinha preparado. O agente não podia fazer nada porque não pertencia aquela delegação, mas disse-me para ir atrás dele, que me levava até ao centro da gnr de albufeira. Lá fui.

Subo a escadaria que dava para a porta, toco à campainha, e atende-me um agente. “Olhe.. eu passei pela vossa operação stop, não vi que me mandaram parar, os meus amigos é que me chamaram a atenção, e estou preocupado”. “Ah sim? Então e que carro tem?”. “Um Fiat Uno vermelho”. O homem arregala os olhos, vira-se para dentro e grita “Pessoal.. está aqui o tipo do Fiat vermelho”. Ouço um coro de gargalhadas lá dentro. “Então faça favor de entrar, os seus amigos ficam cá fora.” Fez-me esperar numa salinha uns 10 minutos, até que apareceu, e disse “Eu vou ser simpático para si, como teve uma atitude correcta ao vir-se entregar, nem o vou fazer soprar ao balão nem pedir-lhe os documentos. Vá lá para casa, mas para a próxima não volte a fazer.”. “Que sorte!” (eu não sabia mas, enquanto lá estive dentro, os meus amigos assistiram a um agente vir cá fora ter com um grupito de pessoal, que também estava a espera, para dizer “o vosso amigo vai ficar detido”).

Quando desciamos a escadaria de volta para o carro, ouvimos um agente “Heii, vocês aí..” “Oh não.. isto não acaba!?...” “Ah.. não são vocês.” “Ufff”.
Entramos no carro, queria sair dali rapidamente “será que posso fazer aqui inversão de marcha”. E um coro “Nãooo!!”.

Sem comentários: